sexta-feira, julho 21, 2006

Condamnés à vivre









[imagens de L'Avventura (1960) de Michelangelo Antonioni]

___

quinta-feira, julho 20, 2006


Piet Mondrian, Composition with Blue and Yellow (Composition Bleu-Jaune), 1935



Piet Mondrian, Tableau I. Lozenge with Four Lines and Gray, 1926



Piet Mondrian, Composition No. II; Composition in Line and Color, 1913


«A abstracção supõe certamente em Mondrian (como ele mesmo o explica nos escritos no De Stijl) a ausência de um referente exterior. Neste sentido - mas possivelmente só neste - a pintura abstracta se pode apelidar de «auto-referenciada», quer dizer, o pintor já não sentia a necessidade de «um ponto de partida exterior» que seria representado mimeticamente e que estruturaria toda a composição. Mas «auto-referenciamento» em Mondrian (como em Kandinsky e Malévitch) nunca significou ausência de sentido ou pura combinatória de elementos formais. O discurso da arte abstracta, dos pioneiros como dos críticos e pensadores, alimentou um mal-entendido sobre a natureza da abstracção: que esta supunha um «mundo sem objecto» (Malévitch), que não remetia para mais nada do que o «retiniano» (Duchamp), etc.

Que desapareceu da imagem abstracta que estava na imagem naturalista? A representação de uma coisa exterior à imagem. Mas a relação com o exterior - o exterior à matéria, às cores, às linhas - permaneceu, mesmo se esse «exterior» por vezes deixasse de ser uma «coisa». O que se modificou radicalmente, na arte abstracta, foi o tipo de relação com o exterior. Este deixou talvez de ser um referente: a liquidação do mimetismo transformou a natureza, a noção e a função do «referente». Mas a exterioridade, o «fora» nunca deixaram de acompanhar o processo de construção da obra. Não há objecto de arte que não implique em si mesmo uma relação a um exterior transartístico - a que não se deve já chamar «referente», conceito residual de uma semiótica da arte ultrapassada.»

in José Gil, «Sem título». Escritos sobre arte e artistas, Relógio D'Água, 2005

___

Piet Mondrian, Flowering Tree, 1912



Piet Mondrian, Gray Tree, 1911



Piet Mondrian, Avond (Evening); Red Tree, 1908

___

quarta-feira, julho 19, 2006

A ouvir.

Desta vez, para aligeirar, uma valsa cantada, Je te veux, composta por Erik Satie, c. de 1897.
Consta que não fazia parte das suas obras preferidas.

Do muito que consta sobre Satie, refiro que o senhor fundou a sua própria igreja, L'Église Métropolitaine d'Art de Jésus Conducteur, da qual era o único membro, excomungando todos os que discordassem dele.
Está bem...


Powered by Castpost

Jessye Norman, Je te veux (Erik Satie)


J'ai compris ta détresse,
Cher amoureux
Et je cède à tes voeux,
Fais de moi ta maîtresse,
Loin de nous la sagesse,
Plus de tristesse,
J'aspire à l'instant précieux où nous serons heureux
Je te veux.

Je n'ai pas de regrets
Et je n'ai qu'une envie
Près de toi, là, tout près,
Vivre toute ma vie,
Que mon coeur soit le tien
Et ta lèvre la mienne,
Que ton corps soit le mien,
Et que toute ma chair soit tienne.

Refrain

Oui, je vois, dans tes yeux
La divine promesse
Que ton coeur amoureux
Vient chercher ma caresse,
Enlacés pour toujours,
Brûlés des mêmes flammes,
Dans des rêves d'amours
Nous échangerons nos deux âmes.

Refrain

(letra: Henry Pacory)

___
A ouvir.
Sublime.


Powered by Castpost

Cecilia Bartoli, Farnace, opera in 3 acts, RV 711
Gelido in ogni vena,
The Vivaldi Album / Il Giardino Armonico, 1999

___

terça-feira, julho 18, 2006

Eterno retorno a Edward Hopper.
Dê as voltas que der.


Edward Hopper, Dawn in Pennsylvania, 1942

A ver:
An Edward Hopper Scrapbook
«This scrapbook, compiled by the staff of the Smithsonian American Art Museum, offers a glimpse into Hopper's life, his friends, and the paintings that have fascinated art lovers worldwide ever since Hopper first came to prominence during the mid 1920s. (...)»

___

Edward Hopper, Room in Brooklyn, 1932

___

Edward Hopper, Morning sun, 1952

___

Edward Hopper, Hotel by a Railroad, 1952

___

Edward Hopper, Excursion Into Philosophy (study), 1959

___

domingo, julho 16, 2006


Lhasa de Sela, Con toda palabra, The Living Road, 2003

___

Florian Maier-Aichen, Untitled (Malibu South), 2004, C-print




Powered by Castpost

Perry Blake, The Crying Room, The Crying Room, 2005

Let me take you to the crying room
Let me take you to the crying room
Covering our footprints in the sand
Covering our footprints in the sand

Let me take you to a quiet place
Let me take you to a quiet place
Wash away the memories that we have
Wash away the memories that we have

I gave you everything I had
I told you everything I knew
When you came to the crying room
When you came to the crying room

___

sexta-feira, julho 07, 2006

Ellipse Foundation - Contemporary Art Collection


Bernd & Hilla Becher, Gastanks 1963-1997, 2003, 16 gelatin silver prints


Até 18 de Setembro pode visitar a primeira exposição da Ellipse Foundation - Contemporary Art Collection.
O Art Center situa-se num antigo armazém em Alcoitão, Cascais.

«The Ellipse Foundation's main objective is to develop a Contemporary Art Collection that aims to become an international reference regarding global art production in the turn of the millennium. The Collection reflects the multiplicity of media, techniques, aesthetics and sensibilities considered the main feature of contemporary art's present situation.

The core of the Collection is composed of central works by artists that established themselves over the last decade and currently enjoy great recognition in the international art panorama. These include Miroslaw Balka, Rui Chafes, José Pedro Croft, Stan Douglas, Jimmie Durham, Olafur Eliasson, Douglas Gordon, Pierre Huyghe, Thomas Hirschhorn, Mona Hatoum, William Kentridge, Ernesto Neto, Gabriel Orozco, Raymond Pettibon, Jack Pierson, João Tabarra and Kara Walker.
Retrospectively, these artists are contextualized from an historical perspective that goes back to the late 1970s/1980s, and includes works by John Baldessari, Bernd and Hilla Becher, James Coleman, Tony Cragg, Dan Graham, David Hammons, Cristina Iglesias, Ilya Kabakov, Mike Kelley, Louise Lawler, Sherrie Levine, Cildo Meireles, Richard Prince, Cabrita Reis, Julião Sarmento, Thomas Schutte, Cindy Sherman, Felix Gonzalez-Torres and Lawrence Weiner.

The Collection's more current and prospective component invests in recently emerging artists, as is the case of Vasco Araújo, Fitkrit Atay, Slater Bradley, Olaf Breuning, Gardar Einer Einarsson, Elmgreen and Dragset, Cameron Jamie, Marepe, João Onofre, Damian Ortega, João Maria Gusmão and Pedro Paiva, Muntean/Rosenblum, Julian Rosefeldt, Thomas Scheibitz and João Pedro Vale.»


___

segunda-feira, julho 03, 2006

Bibliotecas de jardim

E porque não uma máquina de vender livros no Jardim do Príncipe Real?

Não comparando duas realidades diferentes e associando livros ao Jardim do Príncipe Real, lembrei-me de ter visto algumas imagens antigas de uma biblioteca de jardim, duas das quais reproduzo mais abaixo neste post.

Resumindo a história:
As Bibliotecas Jardim da Estrela e do Jardim do Príncipe Real são inauguradas nos anos de 1938 e 1939, respectivamente.
De 1950 a 1960, «existem 12 Bibliotecas móveis de jardim em funcionamento, no Jardim Augusto Gil (Largo da Graça), no Jardim da Praça João do Rio, no Jardim do Campo Grande, no Jardim do Príncipe Real, no Jardim da Estrela, no Jardim Júlio Castilho (Miradouro de Santa Luzia), no Jardim António Feijó (Anjos), no Jardim Teófilo Braga (Campo de Ourique), no Jardim da Praça do Império (Belém), no Jardim Nun’Álvares (Santos-o-Velho), no Jardim Constantino».
São extintas em 1980.
A Biblioteca Quiosque Jardim da Estrela, é a única a ser reestruturada em 1993 e colocada em local mais acessível.



Mário Novaes, Biblioteca Municipal no Jardim da Praça Rio de Janeiro, hoje Príncipe Real, 1949, AFML-A12335



Eduardo Portugal, Biblioteca Municipal no Jardim da Praça Rio de Janeiro, hoje Príncipe Real, 1939, AFML-A5399


A ver:
Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa (se quiserem procurar imagens de Lisboa. A ele pertencem as imagens antigas deste post)
Agenda Cultural da CMLisboa/Jardins/Jardim do Príncipe Real(imagem actual do post e alguma informação acerca do jardim)
BLX (Bibliotecas Municipais de Lisboa)/Elementos para a história das BLX

___

domingo, julho 02, 2006

Urgência de ler?
Se estiver em Paris e lhe apetecer urgentemente um livro à 1h da manhã, fique descansado porque pensaram em si.
Desde há algum tempo que pode aceder a máquinas de venda de livros em algumas estações de metro e não só.
O menu é variado: vai desde Homero, passa por Baudelaire e acaba em livros de cozinha.
Eu gostava de ter uma coisa destas no metro de Lisboa.

A ler:
A Origem das Espécies
Elzé News
MSNBC (imagem do post: © Patrick De Noirmont / AP)

___
Nobuyuki Takahashi







Pouco sei sobre Nobuyuki Takahashi. Do que vi, gostei.
Quem tiver mais alguma informação acerca deste jovem pintor japonês ou acerca da pintura contemporânea japonesa, agradecia que partilhasse :o)

Por agora, transcrevo um excerto de um post do Amateur d'art (Lunettes Rouges):


«L'air de rien

A la Maison de la Culture du Japon à Paris, jusqu'au 1er Juillet.

Petit coup de projecteur sur onze jeunes artistes japonais, assez dissemblables, plus ou moins héritiers putatifs de Murakami et de Nara. Nourris de mangas, ils se penchent aussi sur le monde qui les entoure.

J'ai surtout été impressionné par le travail d'un peintre. Nobuyuki Takahashi peint des lieux chargés de sens, des temples, des sources, des montagnes sacrées; il les peint d'après des cartes postales, en simplifiant à l'extrême, en ne retenant que les lignes essentielles de la composition, que les principales zones colorées. Aucune profondeur, aucune des règles de la peinture occidentale (ombres, perspective), plutôt un retour aux sources à la peinture orientale traditionnelle. C'est une épuration radicale, une recherche de quintessence, de pureté. (...)»

In Amateur d'art (Lunettes Rouges), 29/06/2006

___

sábado, julho 01, 2006

A ouvir



Yo-Yo Ma & The Silk Road Ensemble
in Silk Road Journeys: Beyond the Horizon
, Sony, 2005

Silk Road Journeys: Beyond the Horizon no Amazon


e, por fim, o site do Sr. Yo-Yo Ma
que, além de tocar divinamente, tem um ar muito simpático :o)

___