
«O Infinito
Sempre gratas me foram esta colina tão só
E esta sebe alta e extensa
Que não deixa ver o último horizonte.
Mas quando me demoro a contemplá-la
O meu espírito gera para além dela
Intermináves espaços, silêncios sobre-humanos
Uma paz escura, profunda; e pouco falta
Para o terror me assaltar o coração. E quando
Ouço o vento sussurrar nas plantas
Comparo o infinito de tanto silêncio
A esta voz, e lembro-me da eternidade
Das estações mortas, do tempo presente
E, vivo, do seu murmúrio brando. Assim
Se aniquila o meu espírito na imensidão:
E é-me grato naufragar neste mar.»
Itália
Giacomo Leopardi (1798-1837)
Trad.: Ernesto Sampaio
in Rosa do Mundo. 2001 poemas para o futuro, 3ª ed., Assírio & Alvim, 2001.
(fotog. Luísa R.)
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