segunda-feira, junho 04, 2007

Nuri Bilge Ceylan


Nuri Bilge Ceylan, Ships in the Bosphorus, 2004, 61x127cm



Nuri Bilge Ceylan, Road by the lake, 2004, 61x127cm



Nuri Bilge Ceylan, Country road at dusk, 2003, 61x127cm



Johann Sebastian Bach, Suite No. 5 in C minor, BWV 1011, Sarabande.
cello - Mischa Maisky

___

24 comentários:

Anónimo disse...

Lidas de cima para baixo as fotos vão-se despovoando, e o elemento líquido é substituído pelo elemento terra. Ou será o barco que irá sulcar o caminho de terra, à procura do mistério que se esconde na floresta?

Não conhecia o fotógrafo, excelente. Gostei particularmente do ambiente sombrio e de tempestade da fotografia mais abaixo.

Luísa R. disse...

Manuel,

A intenção de juntar estas 3 imagens esteve ligada a uma leitura exactamente oposta: isto é, de baixo para cima.
Um percurso onde, a pouco e pouco, se consegue respirar melhor.

Mas a sua leitura, Manuel, é muito interessante!
Embora mais angustiante.
E a Sarabande da suite nº 5 do Bach ajuda um bocadinho :O)

Obrigada por me dar a ver outra atmosfera, outra leitura.

Anónimo disse...

Ler as fotos num ou noutro sentido talvez não seja muito relevante, há em qualquer dos casos uma progressão e a nossa subjectividade interfere. É curioso, Luísa, a última foto (em sentido descendente) é aquela em que eu "respiro melhor". Apesar do céu e dos prenúncios de tempestade, terra, água e ar compõem uma paisagem tão humildemente moldada pela acção humana, que é como um lar. Pode-se caminhar por aquele caminho, patinhar na lama, entre as searas, sentindo o cheiro do ozono e esperando o deflagrar do trovão - e tudo faz sentido. Já na paisagem marítima, nos barcos, nas aves erráticas, no mar móvel, sinto uma desordem triste.
Boa noite, Luísa

Luísa R. disse...

A progressão dada pela sequência das fotos foi intencional.
Assim, como um sentido ascendente. Ao escolher e reunir as 3 imagens não me passou pela cabeça ler o conjunto noutro sentido.

O sentido da leitura feita pelo Manuel deu-me a ver outra realidade que nunca teria pensado.
E gostei muito, claro :o)
Acrescentou muito.
Talvez porque este post tivesse um significado especial para mim.


Soledade, quanto ao "respirar melhor":
de fotog em fotog.
(de baixo para cima)

- a água vai assumindo o papel mais importante nas paisagens [desde a poçinha, passando pelo lago e acabando no Bósforo - ainda assim, um estreito :O) ];

- os vestígios da presença humana também:
na 1º - o caminho sulcado por algum transporte e, parece-me, algumas pegadas, talvez recentes;
na 2ª - além de um caminho, a electricidade, o poste de alta tensão (junto à água...);
na 3ª - os navios.
Aqui, há vida. Não há vestígios. Os navios terão passageiros. E há as gaivotas. Andam lá na sua azáfama :O)

Nas 3 fotog. há caminhos; ou rotas. Os únicos percursos que podemos acompanhar com o nosso olhar estão na última imagem.
Nas outras, os caminhos foram e serão percorridos. Mas não agora. O tempo está suspenso.

Claro que inventei isto tudo agorinha mesmo. É do sono :O)
Beijos e boa noite, Soledade

Luísa R. disse...

Quanto «a água vai assumindo o papel mais importante (...)»:

falta acrescentar que uma das significações simbólicas da água é a fonte de vida, desde as tradições mais antigas e nas diferentes culturas.

E, por exemplo, «Nas tradições judaica e cristã, a água simboliza em primeiro lugar a origem da criação.» (in Dicionário dos Símbolos, da Teorema)

vida, criação...


Bem, agora vou arrumar o livro na estante e dormir que já é tarde :o)

Lis disse...

Cada vez menos água, cada vez mais terra...Analogamente ao planeta.

Grandes fotos.

Luísa R. disse...

O Nuri Bilge Ceylan também é realizador.

http://www.nuribilgeceylan.com/

Anónimo disse...

O simbolismo da água é complexo - vida, mas também morte, dissolução. E impermanência. Isto deve ser o meu elemento Terra a falar. E a minha costela camponesa, claro :)
Gostei de ler a tua análise (diz que foi do sono, que todos acreditamos! rs)
Beijo, e obrigada pela informação do link

Luísa R. disse...

Morte simbólica ligada à renovação, por exemplo.

Sim, o simbolismo da água é muito complexo, sem dúvida.

Falei no Dicionário dos Símbolos porque é o que tinha aqui à mão, mas se te lembrares de outros livros, diz :o)

Beijo

Anónimo disse...

O Dicionário dos Símbolos está óptimo, Luísa :) Eu é que estou chata sem remédio, desejo de dissolução sem eterno retorno: RIP. Sono, Cansaço...
Beijo

Lis disse...

Eu vi o filme...bom!

pedro disse...

já que mencionaste, achei curioso verificar que a tradição judaico-cristã da simbologia da água como fonte de vida coincide com o conceito científico, ou seja, foi o caldinho aquático estilo caribenho que possibilitou o aparecimento de vida no planeta (Oparine, etc) ...

Luísa R. disse...

Soledade,

Nunca és chata. Essa agora...

E sono e cansaço às 14:43?
Essas aulas andam a dar cabo de ti :o)

Luísa R. disse...

Pedro,

«(...) uma das significações simbólicas da água é a fonte de vida, desde as tradições mais antigas e nas diferentes culturas. (...)»
Não só nas tradições judaica e cristã.

Isto está tudo ligado, vizinho.
:O)

Anónimo disse...

Ótimas fotos.
Todas! De cima para baixo , e na volta, também!

Luísa R. disse...

e vice-versa :O)

Anónimo disse...

também gostei.

Passy disse...

Estimada Luis R.;

Hacía días que no entraba en tu blog. Me quedo con la pieza de Sakamoto para mi próxima entrada. Tiene gracia; en los lugares más insospechados encuentras cosas interesantes: Ayer vi Ocean's 13, una simple película de entretenimiento y me acordé de ti. En el momento más inesperado se escucha la interpretación
de Isao Tomita de la Suite Bergamasque, Clair de Lune, No. 3 de Debussy con su sintetizador Moog. Hacía más de 20 años que no la escuchaba. En fin una cosa me llevó a la otra.

Saludos.

P.D. los cuadros que has puesto en tu blog me han recodado la expo de Marquet que hace unos años vi en el museo municipal de Paris. Siempre me pareció un pintor inteligente.

Joaquim Moedas Duarte disse...

Passei por aqui e aprendi muito.
Se fosse para o café, ouvia tretas da bola, dos autarcas corruptos, da escola insuportável, das gajas boas que passam na rua...Conversas de parvos!
Opto por ficar em casa a "conversar" com gente mais interessante. Não lhes vejo a cara? Se calhar até e´melhor... Não me distraem do que dizem/escrevem.

Estarei a tornar-me misantropo?
A propósito: "rapinei" a "Aguarela". Assim como assim, anónimos...
Mas humanos! Demasiado humanos!
Fiquem bem!

tempestaire disse...

Gostei muito do post e do que lin do blog. Non conseguín índa ve-lo último film do Ceylan, mais o anterior era excelente. Obrigado polo seu trabalho (e perdoe polo galego-portugués).

Anónimo disse...

Luisa, queremos outras, muitas mais.

Luísa R. disse...

AF, jmd e tempestaire, bem vindos ao gotasdagua :o)

jmd, fez muito bem em levar a "Aguarela" consigo.
A ideia era mesmo essa: partilhar :o)

tempestaire, o seu galego-português é óptimo!

Luísa R. disse...

Eduardo, não tenho tido muito tempo para actualizar os blogs, mas no fim da semana, já virei aqui com mais frequência.

Luísa R. disse...

Olá Passy :O)

Também gosto muito do Albert Marquet!

E como é que vão as tuas acuarelas?
Tens feito mais exposições?

Saludos.