sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Carlos Scliar (1920-2001)


Vieira da Silva, Arpad Szenes e Carlos Scliar, 1943

"Meu filho Carlitos:
Predisse sempre que serias um fenómeno estranho.
Estamos casados há quarenta anos e o nosso filho tem cinquenta. Talvez contes a teu favor, em triplo, os anos de guerra, ou, quem sabe, se trata de uma das farsas dignas do teu homónimo, o outro Carlitos.
Em todo o caso, como todos os verdadeiros artistas, tu és e permanecerás jovem, amo-te e acolho-te no tempo-espaço da arte, que é eterno.
Abraço-te".

(Arpad Szenes, Fevereiro 1970)


"Ao Carlos.
Scliar - Ele saberá perdoar-me - não sou escritora... Conheço-o há muito, muito tempo. Arpad e eu amamos o que ele faz, a simplicidade das suas escolhas, mas também a sua seriedade, a sua tenacidade, as suas cores tranquilas, o seu desenho cuidado, as suas composições amplas e concisas, a diversidade dos seus ritmos, a sua obstinação e a sua criatividade pintando o que lhe apraz, da forma como pensa que deve ser: a melhor, a mais generosa, e eu entendo a sua pintura calma, contida, tensa, como uma cantata grave de dias de festa.
Fielmente tua, Maria Helena".

(Vieira da Silva, Março de 1990)


Textos retirados do catálogo da exposição Carlos Scliar. Pintura 1948-1983 editado pela Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, Lisboa, 2003, p. 9

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