And Now for Something Completely Different
«Épater le bourgeois».
O mais recente projecto de Lacoste da Silva
Encontramos Lacoste da Silva visívelmente emocionado com o seu mais recente projecto «Épater le bourgeois», de que é parte integrante um jogo de futebol. Lacoste confessa que terá sido a 178ª vez que revia esse mesmo jogo (mais coisa, menos coisa).
O projecto é difícil de entender e, já agora, de explicar - como reconhece o próprio autor:
«Eu próprio não percebi nada do que fiz!... Pedi a dois grupos, de onze homens cada, que andassem atrás de uma bola num campo relvado.
Os equipamentos de cada grupo seriam diferentes (um em cor-de-rosa e o outro em verde-água muito clarinho. Este esteve para ser em azul-cueca, mas depois decidi que não).
Seria uma alegria, perdão, uma alegoria à guerra, à fome, à sede e à falta de água que grassa no meu bairro desde há quinze dias.
Mas, entretanto, perdi-me no emaranhado das ideias que íam e vinham naqueles trinta segundos em que pensei alguma coisa.
E agora, não percebo nada do que fiz...
Bom, passando à frente, que isto agora não interessa nada.
É uma performance.
Pronto.»
Perante a nossa insistência, Lacoste da Silva inventa à pressa uma explicação mais completa, e talvez mais plausível, sobre o seu trabalho.
Diz Lacoste da Silva que «além de ser uma alegria, perdão (engano-me sempre!) uma alegoria à guerra, à fome, à sede e à falta de água que grassa no meu bairro desde há quinze dias,
é, sobretudo, uma clara alusão a duas das grandes influências que percorrem toda a minha obra e que é o filme "O Leão da Estrela", realizado por Arthur Duarte em 1947, e os Cinco Violinos.
Daí a legenda: "a bola é posta em jogo, os nossos avançam como leões, Canário recebe a bola e passa a Travassos, Travassos dribla (...) e passa a Vasques, Vasques recebe a bola e passa a Albano, Albano passa a Jesus Correia, Jesus Correia sente Peyroteo completamente isolado (...) e chuuutaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!!"»
Questionado sobre o valor das reticências entre parêntesis utilizadas na legenda da obra em questão, Lacoste responde que não conseguiu transcrever na totalidade a famosa cena do relato de futebol onde pautava o nosso saudoso e grande actor António Silva.
Lacoste da Silva acrescenta que o uso das reticências entre parêntesis, que se encontram um pouco por todo o lado no contexto da arte contemporânea, se deve possívelmente, na maior parte dos casos, a dificuldades de transcrição, ignorância, falta de tempo e/ou não sabe.
Nunca tinhamos reparado nesta tendência das reticências, mas Lacoste adianta que poderá existir uma relação com o "neo-niilismo".
Perguntamos se Lacoste quis dizer "neologismo", mas Lacoste assegura que não. Quis mesmo dizer "neo-niilismo".
Normalmente só se engana quando quer dizer "alegria", isto é, "alegoria".
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Agora, a sério:
- Esta "entrevista" não tem nada a ver com a obra em questão.
Como é óbvio.
Mas quando vi a imagem que tinha tirado com a máquina fotog. do telemóvel,
deu-me para divagar... :o)
- Não deixem de ver a exposição
O Estado do Mundo
Plataforma 3
Um Atlas de Acontecimentos
7 Out a 30 Dez 2007,
Galerias de Exposições Temporárias da Sede, Pisos 0 e 01
Em particular, gostei muito dos trabalhos de Erinç Seymen e de Sze Tsung Leong.
No Gotasdagua (01 de Maio de 2006) encontram alguns trabalhos de pintura e fotografia de Sze Tsung Leong.
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Ver:
- O Estado do Mundo
- O Estado do Mundo. Programa > Plataforma 3. Um Atlas de Acontecimentos
- o-estado-do-mundo.blogspot.com
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