sábado, janeiro 29, 2005



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Entro numa loja e digo ao empregado faz favor de me dar algum pólen para eu fabricar o meu mel. Ele olha para mim. Sei que a incerteza o devora digo temos em comum essa capacidade de entrar no fjord mas deve compreender que só por maldosa cortesia poderia eu aceitar tais agradecimentos talvez noutras circunstâncias noutra altura me fosse possível ajudá-lo mas hoje é-me muito difícil fazer essa transmissão integral e pública. Agarro no embrulho que já estava pronto e saio para a rua. Não se pode confiar em ninguém.

Ana Hatherly in 351 tisanas, Lisboa, Quimera, 1997, pp. 19 e 20

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